Posse responsável de gatos domésticos na prevenção da Leucemia Felina (FeLV)

A Pérola e a Fabiane participaram do I Encontro do Amor Animal AgroVida (até desfilaram!). Nós ficamos muito felizes com a presença delas lá e, em uma conversa com a Fabiane na nossa página no Facebook, perguntamos se ela gostaria de falar sobre a causa Felina aqui no nosso blog. E não é que ela topou? Descobrimos que ela estuda o assunto! Nesse artigo, ela fala sobre a Leucemia Felina, com pesquisa de campo realizada em Lajeado. Interessante demais e importante para todos os tutores de gatos! Sem palavras para agradecer tua participação, Fabiane. Esse espaço nasceu com esse sonho: compartilhar e viver o Amor Animal! Ah! E manda um aperto bem gostoso para a Pérola! =)

 

Ao longo da história da civilização humana, os gatos ocuparam diversos papéis, desde sua relevância no controle de pragas, uma vez que, possuem grande habilidade; até sua domesticação e estima por fazer companhia. Seu carisma, versatilidade e higiene propiciou que o gato se tornasse um dos mais populares animais de estimação. Em que pese, o gato tenha ganhado espaço na casa e coração de muitos tutores, ainda são poucos os estudos relacionados aos gatos domésticos.

Assim, diante dessas discussões, e pela percepção da limitação de informação em relação aos gatos, é que se chegou no tema da guarda ou posse responsável. Como eixo de delimitação, foi escolhida a doença Leucemia Felina, já que, um grupo de protetoras da cidade Lajeado (SAGA), que atua no resgate de gatos em situação de risco, noticiou sobre a enfermidade e morte de alguns felinos, infectados por FeLV, iniciando-se assim, uma campanha sobre a necessidade de testar todos os gatos, tanto aqueles provenientes de gatis quanto aqueles resgatados do abandono.

Nesse contexto, para atingir o maior número de tutores, foram aplicados questionários online, encaminhados para aqueles que procuravam a SAGA tanto para realização de adoções quanto para solicitar o intermédio de castrações. A pesquisa foi realizada no período de março de 2017 à maio de 2017, foram respondidos 49 questionários, os quais, por si só tiveram um importante papel na educação ambiental, pois foram elaborados de modo a esclarecer aos tutores sobre a retrovirose.

A pesquisa de campo, evidenciou que, o grau de instrução da pessoa não é fator condicionante para o conhecimento sobre a FeLV, já que, pessoas na pós-graduação desconheciam a doença. O número de gatos criados por cada tutor, mostrou-se importante para compreender que que a FeLV é transmitida por meio de lambeduras, uso de caixas sanitárias, comedouros e bebedouros, e que havendo mais de um gato na mesma casa, todos devem ser testados. Quanto à guarda responsável, os tutores responderam que tem compressão dos requisitos mínimos. Ademais, ainda que considerem importante a realização de visitas periódicas ao veterinário, a maioria não aplicou vacinas em seus gatos. Em relação à criação indoor, a maioria dos entrevistados respondeu que não permite que seus gatos tenham acesso à rua, não sendo favorável a voltinhas. O resultado é importante, tendo em vista de que, sabe-se que gatos que têm acesso à rua têm muito mais propensão de contrair a FeLV.

Nas questões atinentes ao conhecimento sobre a FeLV, se houve orientação por médico veterinário tanto em relação à retrovirose quanto à aplicação da vacina quíntupla felina, os resultados são preocupantes, já que, a maioria das pessoas entrevistadas, não foi informada pelo médico veterinário, bem como, não teve a indicação deste para a realização de teste rápido, e da aplicação da vacina quíntupla felina (única capaz de prevenir contra a FeLV). Entretanto, cumpre destacar que a falta de orientação não é regra, e que há médicos veterinários que honram seu juramento, inclusive lançando campanhas em prol dos testes rápidos, para todos os gatos.

 

Leucemia Felina

 

Cumpre ressaltar que, a Leucemia Felina é um vírus de fácil transmissão, mas que o vírus sozinho no ambiente não sobrevive mais do que algumas horas, sendo destruído por produtos de limpeza. Ademais, todos os gatos nascidos vivos devem ser testados independente da origem, e devem ser mantidos dentro de suas casas, sem acesso à rua, pois é na rua que o vírus se propaga de forma mais fácil, por meio de brigas e compartilhamento de espaços com animais infectados. A vacina quíntupla felina é capaz de proteger contra a FeLV, devendo ser aplicada de acordo com o protocolo adotado pelo tutor por orientação do médico veterinário, o teste rápido é condição para vacinação. Assim, o animal deve ser testado antes de ser vacinado, sendo negativo deve ser aplicada a vacina quíntupla, esta deve ser reforçada anualmente, após a vacinação se o gato passar por novo teste, será negativado, pois a vacina contém o vírus inativado.

A melhor forma de evitar a FeLV é a prevenção. O gato testado e positivado, deverá ser mantido separado dos demais gatos, até que os demais estejam devidamente protegidos (ou seja, após a vacinação e decurso de prazo mínimo para efeito). O gato positivo terá chance de prolongar sua vida, e ter melhor qualidade, sendo a doença descoberta precocemente, mas, infelizmente, não há cura. A sobrevida é de em média três anos, podendo ser prolongada com tratamento de estimuladores de imunidade.

O enfrentamento da doença, desde a descoberta, o tratamento adequado e falecimento, é algo muito agressivo tanto para o tutor quanto para o animal de estimação. Entretanto, a doença pode ser controlada, bastando uma conscientização dos tutores para realizar o teste, vacinar e manter seus animais dentro de casa. Assim, a educação ambiental, não se refere somente em ensinar sobre a natureza, mas de educar para e com a natureza. A educação ambiental, deve ensinar o papel do ser humano no Planeta, e seu compromisso com as mais diversas espécies.

Fabiane Prestes

Doutoranda em Ambiente e Desenvolvimento pela UNIVATES. Mestre em Direito, na linha Direitos Humanos, Meio Ambiente e Novos Direitos pela UUNIJUÍ. Especialista em Educação Ambiental pela UFSM. Graduada em Direito pela URI/Santiago. fabianeprestes@gmail.com

 

Leucemia Felina

Fotos: Dani Giovanella Fotografia de Pets

AgroVida

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